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Brasileiros lideram busca por imóveis de luxo em Portugal



Foto: Rudy and Peter Skitterians por Pixabay

Em locais como Cascais e avenida da Liberdade, em Lisboa, procura de clientes do Brasil só perde para os próprios portugueses.


“É muito difícil chegar a um restaurante em Lisboa e não encontrar pelo menos um empregado que seja brasileiro”, relata a portuguesa Patrícia Barão. “No centro da cidade, há 10 ou 15 restaurantes muito caros. Se você entra, vê 50% da clientela brasileira”, conta António Francisco, também português.


Os dois relatos mostram realidades diferentes vividas por brasileiros em Portugal, e são trazidos por duas pessoas que trabalham com o mercado imobiliário no país. Enquanto muitos imigrantes enfrentam dificuldades pelo custo de vida europeu, a parcela de brasileiros de alta renda também segue forte no país. E, segundo agentes de imobiliárias portuguesas ouvidos pelo InvestNews, entre os estrangeiros em Portugal, os brasileiros são os que mais procuram por imóveis de luxo em algumas das regiões mais nobres do país.

Uma das empresas que confirmam a tendência é a JLL, administradora imobiliária no país, que trabalha com imóveis de alto padrão. Um levantamento da empresa mostra que, em 2023, os brasileiros responderam por 16% da demanda (o maior percentual entre não portugueses) por apartamentos na avenida da Liberdade, a principal de Lisboa, onde o preço do metro quadrado gira em torno de 11 mil euros (mais de R$ 58 mil).


Nas regiões de Cascais e Estoril, os clientes brasileiros são 20% da clientela, atrás também somente dos portugueses. O valor do metro quadrado chega a 10,5 mil euros (quase R$ 56 mil).


“Quando olhamos para o mercado de luxo, o brasileiro é a nacionalidade que mais compra esses imóveis”, conta Patrícia Barão, que é diretora da JLL em Portugal e aponta algumas razões para esse fenômeno além do “preço muito convidativo na comparação com outras cidades da Europa”.


“Já existe em Portugal uma comunidade de brasileiros de alto padrão em algumas regiões. Eles têm vidas sociais muito ativas, fazem festas nos restaurantes da moda, eventos. Não temos o tema da segurança como o Brasil tem, então podem usar jóias livremente e andar na avenida da Liberdade, nas lojas de grife”

PATRÍCIA BARÃO, QUE É DIRETORA DA JLL EM PORTUGAL


António Francisco, CEO da Vision Supra Partners (empresa de construção de imóveis de alto padrão em Portugal) também relata que os brasileiros estão entre seus principais clientes, representando uma fatia de 15%, atrás somente dos portugueses e norte-americanos.

A percepção do potencial do interesse brasileiro nesse mercado é tamanha que, neste mês, a empresa lançou um empreendimento de luxo na região de Sesimbra com a presença de Gkay e outros influenciadores brasileiros.


Francisco conta que houve muito interesse de clientes brasileiros por unidades do empreendimento, e acrescenta que a maior procura foi pelas mais caras. “Nós temos um preço a partir de 250 mil euros (cerca de R$ 1,3 milhão). Mas, na realidade, acabamos tendo mais interesse nos apartamentos de 1 milhão a 3 milhões de euros (de R$ 5,3 milhões a quase R$ 16 milhões, aproximadamente).”


O empreendimento foi lançado em conjunto com a imobiliária RE/MAX Alcateia, que no último trimestre de 2023 teve os brasileiros como 19% de sua clientela, atrás somente dos portugueses e norte-americanos, segundo contou a CEO Claudia Coelho Ferreira ao InvestNews.


O percentual é parecido com os 15% de brasileiros da clientela da consultoria imobiliária internacional Faccin Investments. Andrea Arnaez, que atua na empresa, conta que o perfil do cliente brasileiro que compra imóveis de luxo em Portugal inclui aposentados, pessoas que buscam uma segunda moradia para passar parte do ano e investidores.


Manias brasileiras x mudanças no mercado

A fatia cada vez mais relevante de brasileiros entre os compradores de imóveis em Portugal tem gerado mudanças no mercado, segundo os profissionais da área. Isso porque clientes do Brasil têm algumas prioridades na hora de escolher uma moradia, mas esses itens não necessariamente fazem parte da lista de requisitos essenciais para os portugueses. Ou pelo menos não faziam até alguns anos atrás.


“Os incorporadores fazem projetos pensando no que o brasileiro de alto padrão procura. Isso não é uma tendência, já está acontecendo. O mercado brasileiro continua ano após ano tendo uma expansão muito importante em Portugal”, comenta Patrícia Barão, da JLL, e cita um exemplo.



Fonte: InvestNews em 05.02.2024



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