Atualmente, Portugal enfrenta o desafio de regularizar centenas de milhares de processos de imigrantes, uma questão que exige não apenas ações governamentais, mas também a colaboração de instituições estratégicas, designadamente no que diz respeito à definição de políticas migratórias adequadas e justas. Nesse contexto, as Câmaras Portuguesas de Comércio, tanto no Brasil quanto em outros países, têm um papel crucial a desempenhar.
No dia em que aconteceu a primeira sessão do Conselho Nacional para as Migrações e Abrigo, assume-se premente abordarmos o tema.
As Câmaras de Comércio são pontes fundamentais entre Portugal e o mundo. Elas possuem um entendimento aprofundado das dinâmicas econômicas e sociais tanto no país de origem quanto no de destino. Essa posição privilegiada permite que atuem como facilitadoras na adaptação dos imigrantes ao novo contexto, alinhando suas expectativas com as necessidades do território português.
Primeiramente, as Câmaras podem auxiliar na identificação das necessidades do mercado de trabalho em Portugal, promovendo uma migração que não só beneficia os imigrantes, mas também contribui para o desenvolvimento econômico do país. Ao mapear as demandas por determinados perfis profissionais, as Câmaras podem orientar potenciais imigrantes, auxiliando-os na qualificação necessária e no reconhecimento de competências. A Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil iniciou ainda em 2023, através da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil - Minas Gerais , uma iniciativa em que apoia e incentiva um projeto do sistema CREA , denominado Engenharia Sem Fronteira e que visa qualificar profissionais daquele sistema para estarem aptos em outros mercados, dessa iniciativa já resultou uma parceria estratégica com a Universidade da beira Interior.
Além disso, as Câmaras podem fomentar parcerias entre empresas portuguesas e brasileiras, ou de outros países, criando oportunidades de emprego e investimento que facilitem a integração dos imigrantes. Essa sinergia econômica é vital para que a migração seja vista como uma oportunidade de crescimento mútuo, e não como um fardo.
Outro aspecto relevante é a promoção de uma cultura de acolhimento e integração. As Câmaras têm a capacidade de organizar eventos, workshops e programas de formação que incentivem a troca cultural e a inclusão social. Ao promoverem o diálogo entre comunidades, ajudam a construir uma sociedade mais coesa e tolerante.
Por fim, as Câmaras podem atuar como interlocutoras junto aos governos, apresentando propostas que visem à melhoria das políticas migratórias. A experiência acumulada e a rede de contatos internacionais conferem a essas instituições a credibilidade necessária para influenciar decisões políticas.
Em suma, as Câmaras Portuguesas de Comércio no Mundo, devidamente estruturadas, poderão ser peças-chave na construção de uma política migratória eficaz. Ao alinhar as expectativas de Portugal com as dos imigrantes, elas não só promovem uma migração ordenada e benéfica para todos, mas também reforçam os laços históricos e culturais que unem Portugal ao mundo.
É hora de aproveitar esse potencial e transformar desafios em oportunidades de crescimento e integração.
Por Carlos Alberto Lopes
Carlos Alberto Lopes - Presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil e COO da SABSEG Brasil
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