Carlos Lopes atual presidente da Câmara Portuguesa de Minas Gerais e da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil concede entrevista para “Conexão Brasil Portugal, abordando tendências para a câmara mineira.
Quais são os principais objetivos estratégicos que a câmara pretende alcançar em 2024 e como eles se alinham com a missão e visão da organização?
O primeiro objetivo é continuar a fortalecer o crescimento da Câmara Portuguesa de Minas Gerais (CPMG), em paralelo com todas as restantes Câmaras da Federação – com maior interação e foco no mundo dos negócios, organizando diversas missões de negócios (trade missions) para Portugal e vice-versa. Neste sentido, a Câmara irá assumir um crescente e preponderante papel no estreitamento das relações econômicas entre Minas Gerais, Portugal e alargando a sua ação a todos os países da CPLP.
Desta forma, a CPMG pretende atuar no desenvolvimento de produtos e serviços com foco na ampliação das oportunidades de negócio e geração de resultados para seus parceiros e clientes, nomeadamente estudos e análises de inteligência comercial, internacionalização de empresas, entre outras. O objetivo primário é certamente dar continuidade ao excelente trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela atual Diretoria.
A participação regular em eventos das Eurocâmaras, é importante para dinamizar eventos entre as câmaras da União Europeia, na tentativa de ajudar a fortalecer o Acordo Mercosul, entre a União Europeia e a região dos países que integram o Mercosul, para que esse acordo possa ser atualizado e ganhar um novo impulso no sentido de ser assinado, tentando aproveitar fundos que sejam alocados da União Europeia para dinamizar as atividades das câmaras europeias no Brasil.
A iniciativa de organizar seminários/ webinars e outros eventos onde possamos informar os investidores e empresários brasileiros as oportunidades e vantagens de investir em Portugal, através de fundos disponíveis, nomeadamente no programa de financiamento Portugal 2030. Iremos fortalecer a relação entre as Câmaras de Comércio Portuguesas, a AICEP e IAPMEI em Lisboa (Programa Portugal 2030), bem como o papel do associativismo da Estratégia Nacional ESG para as PMEs que consideramos ser de extrema importância e um campo a ser desbravado e trabalhado de forma contínua.
Aproveitar o convite do Brasil enquanto organizador da Cúpula de Chefes de Estado do G20 que irá ocorrer em novembro de 2024, no Rio de Janeiro, para apoiar e participar junto com o governo português em todas as reuniões preparatórias para essa Cimeira.
Por último, a importância do Marketing Digital e Branding através da nossa logomarca, juntamente com a logomarca do Estado para promoção de Minas Gerias e da Marca Brasil no exterior é também de extrema importância, e que este ano já começou a ser utilizada em importantes eventos e feiras internacionais. A CPMG irá fazer parte desse processo, dado que é necessário aglutinar ideias, agregar propostas, obter consensos e caminhar num rumo firme e sólido para atingir resultados concretos para Minas Gerais.
Quais iniciativas específicas estão sendo planejadas para promover o crescimento e desenvolvimento das relações comerciais entre Portugal e os estados onde as câmaras estão instaladas no Brasil?
A organização de eventos, ações corporativas, “matchmaking” nacional e internacional e de “networking” em geral, para além da participação em missões empresariais de negócios, conferências, seminários/ webinars, palestras e feiras comerciais para promover o relacionamento e a colaboração entre as empresas portuguesas e start-ups com as da região, estabelecendo novos relacionamentos e criando pontes, são de extrema importância e constituem iniciativas prioritárias para Câmara de Minas Gerais.
É importante igualmente aproveitar o Web Summit do Rio de Janeiro, participando do evento e fazendo a ponte com o Web Summit em Lisboa, trazendo mais investidores portugueses para o Brasil e de Brasil para Portugal.
Por intermédio do Comitê de Sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa, iremos promover práticas comerciais sustentáveis e de responsabilidade social corporativa entre as empresas associadas, bem como com outros atores do mercado envolvidos em práticas de sustentabilidade.
A nova Diretoria da CPMG para o biénio 2024/2026 dará continuidade ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido para a criação de um prêmio sustentabilidade Brasil-Portugal. Entidades que se podem candidatar e que poderão ser contempladas com este prêmio são empresas, cidades, academias e centros de pesquisas em ambos países. Categorias que irão ser contempladas incluem atividades referentes a baixo carbono, economia circular, infraestrutura sustentável, bem-estar e cidades sustentáveis.
Essa premiação tem como objetivo eleger os principais e mais inovadores projetos, soluções e pesquisas na área da sustentabilidade e do meio ambiente; promovendo os bons exemplos, o intercâmbio de tecnologia, o desenvolvimento socioeconômico e o estreitamento das relações entre Minas Gerais e Portugal.
Além disso, a organização de eventos culturais e sociais, da Festa Portuguesa, que se realiza anualmente em Belo Horizonte; do evento da Miss Portuguesa, a que nos queremos associar em 2024, são também iniciativas importantes que farão parte da nossa Agenda de Trabalho.
Turismo é um setor que pretendemos intensificar para abrir portas para outros setores e quadruplicar o crescimento em número de empregos. A atividade turística, em suas várias vertentes, pode ainda promover a inovação e fomentar a sustentabilidade. Iremos concentrar esforços em captar eventos de negócio e atrair mais turismo internacional, nomeadamente de negócios e incentivos, promovendo eventos especiais para impulsionar a economia do estado e local em Minas Gerais, em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (SECULT) e a BELOTUR.
Como a câmara planeja fortalecer sua rede de membros e parceiros ao longo de 2024, e quais serão os principais eventos ou programas para envolvê-los?
A constituição da próxima diretoria envolve a dinamização e ampliação da atividade de Comitês, que serão constituídos com a seguinte denominação Relações Empresárias/ Comerciais, Relações Governamentais e Jurídicas, Eventos, Ações Corporativas, Networking/ Turismo, Desenvolvimento Sustentável, Educação/ Inovação Social e Empreendedorismo e o Comitê Financeiro.
Através destes, iremos tratar os assuntos de interesse dos nossos associados, potenciais associados e levar em consideração quais as melhores iniciativas para eventos e encontros, que por sua vez poderão permitir partilhar contatos e experiências únicas que podem agregar o valor do nosso trabalho e da instituição.
Existe uma real necessidade de estabelecer parcerias com Universidades, Institutos Politécnicos e outras instituições voltadas para a capacitação de agentes e empresários ligados a vários setores da economia. Terá que haver uma verdadeira revolução do pensamento e estrutura educacional para capacitar os profissionais no novo mundo em que já nos encontramos. Queremos iniciar este processo e contribuir para a mudança real do novo mundo.
Estamos igualmente empenhados em fortalecer as missões para Portugal junto à Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil e à Atlantic Hub e participar da maior missão de empreendedorismo, inovação e tecnologia - o Web Summit .
Quais são os desafios previstos para o próximo ano e como a câmara está se preparando para enfrentá-los, tanto em termos de recursos como de estratégias de adaptação?
Depois da pandemia em 2020/2021, somos também da opinião que o funcionamento das Câmaras e o relacionamento com os associados se alterou. O desafio é divulgar os trabalhos da instituição, dar uma dinâmica aos trabalhos e iniciativas, envolvendo e ”trazendo” os associados e outros potenciais para a Câmara, com o fim de lhes dar uma voz e participação ativa dos trabalhos e iniciativas da Câmara.
As Câmaras Portuguesas não devem deixar de lado a modernização de suas operações, oferecendo serviços dinâmicos e soluções de networking digital, facilitando os processos e contribuindo para a agilidade dos negócios. Por outro lado, as empresas têm que desenvolver novos modelos de negócio que agreguem valor aos seus produtos/serviços. É imprescindível uma mudança de “mindset” para encarar uma nova forma de estar em sociedade, encarando novas modalidades de atuação envolvendo as cadeias de produção e passando de um modelo linear para um novo modelo de economia circular que respeita a roda da inovação e sustentabilidade.
Fonte: Câmara Portuguesa de Minas Gerais
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